Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais
Valor Econômico – Não circula aos sábados, domingos e feriados nacionais
O ESTADO DE S.PAULO – Kamala tenta surfar na alta da economia, mas sequelas da inflação turbinam Trump
FOLHA DE S.PAULO – EUA vão às urnas com desânimo recorde com a economia do país
O GLOBO – Petrobras vai ‘reabrir’ poços na Bacia de Campos para elevar reservas
CORREIO BRAZILIENSE – Setor produtivo do DF otimista com 2025
Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia
Desanimação – A confiança da população americana na economia quase nunca foi tão baixa pelo menos desde 1961, quando há dados disponíveis. Para ser específico, o índice anual de confiança do consumidor da Universidade de Michigan em 2024, considerada a situação atual do entrevistado, apenas é inferior ao de 2022, ano ainda de rescaldo dos efeitos da pandemia de Covid-19. O indicador de Michigan, um dos mais cotados do tipo nos Estados Unidos, em geral está baixo ou em baixa notável apenas em períodos de recessão econômica. Mas os EUA estão longe de uma recessão, a taxa de desemprego é das menores em cerca de 50 anos, a taxa de população ocupada é recorde, a inflação cai, a produtividade cresce. Para 52% dos americanos, a sua situação é pior do que há quatro anos, segundo pesquisa de setembro do Gallup. Uma possibilidade para explicar o fenômeno é a polarização. Entre eleitores do Partido Democrata, 72% consideram que sua vida está melhor do que em 2020. Entre os adeptos do Partido Republicano, 7%. Outra hipótese citada é o efeito persistente do choque inflacionário.
Reabertura – A Petrobras anunciou que pretende reabrir em 2025 um poço no campo de Roncador, na Bacia de Campos, interior do Rio de Janeiro. O local tem potencial para produzir 1,7 milhão m³ de gás natural por dia. O objetivo é ampliar a oferta para reduzir o preço e assim atender a demanda do governo federal.
Otimismo candango – Economistas e empresários, principalmente dos setores ligados ao comércio e a serviço, preveem um bom desempenho da economia do Distrito Federal no próximo ano. Entre os pontos destacados por eles, estão a regulamentação do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), o avanço da economia criativa, do setor tecnológico, do turismo de negócios, e o aumento do poder aquisitivo dos servidores públicos do GDF, depois do pagamento de parcelas do reajuste salarial. “O empreendedorismo está surpreendendo, muitas startups estão sendo criadas, gerando novos empregos e circulando ainda mais recursos”, destaca Riezo Almeida, coordenador do curso de economia do Iesb. Segundo Sebastião Abritta, presidente do Sindivarejista-DF, a “regulamentação do PPCUB traz segurança jurídica para os empresários investirem em 2025”.
PL e PT se unem para eleição na Câmara – O Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, estão juntos em prol de uma mesma candidatura para a presidência da Câmara dos Deputados. O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) é o nome apoiado por essas duas legendas e outras cinco siglas: PP, Republicanos, MDB, Podemos e PCdoB. A união é inusitada, mas não é inédita. Em 2023, os mesmos partidos se juntaram para apoiar Arthur Lira (PP-AL) nas eleições à Presidência da Casa. O PL e o PT têm as maiores bancadas da Câmara e são siglas decisivas na conclusão desse pleito. Contudo, um dos dois partidos sairá frustrado nessa aliança. Entre as moedas de troca, está o projeto que anistia quem participou dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Para o PT, a proposta é inconstitucional e não pode passar pelo plenário. Já para o PL, o texto é uma das prioridades para aprovação. Vale lembrar que o projeto de lei pode abrir margem para uma reversão na decisão que causou a inelegibilidade de Bolsonaro, e por isso ocupa uma posição tão alta na escala de prioridades do partido do ex-presidente.
Novos contornos da direita – Fortalecidos pelos resultados das eleições municipais de 2024, os partidos de direita e centro podem ditar os rumos do próximo pleito. Nesse cenário, com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ala conta com nomes de destaque, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que, apesar de não terem sido candidatos neste ano, tiveram forte influência na escolha dos eleitos. Caiado apoiou a candidatura do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União), e de outros importantes colégios eleitorais no estado. O prefeito eleito de Belém, Igor Normando (MDB), contou com ampla aliança partidária do governador do Pará para vencer nas urnas. Em São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos) foi o principal cabo eleitoral de Ricardo Nunes (MDB), na corrida pela reeleição. O PSD, de Kassab, foi a agremiação que levou mais prefeituras, um total de 887. Entre as capitais, ganhou no Rio de Janeiro, com Eduardo Paes, em Belo Horizonte, com Fuad Noman, em São Luís, com Eduardo Braide, e, em Curitiba, com Eduardo Pimentel. O cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa, destaca que o partido transita bem entre a direita e a esquerda — funcionando como um “coringa” nas articulações políticas.
Racha entre antigos aliados – A disputa pelas prefeituras goianas colocou em lados opostos Ronaldo Caiado (União) e Jair Bolsonaro (PL), dois aliados muito próximos e que andaram de mãos dadas desde 2019. Uma derrota do governador poderia esfriar as suas pretensões à cadeira do Planalto e colocar em xeque essa dobradinha em um dos estados que mais deram votos ao ex-presidente nas eleições que disputou. Nessa quebra de braço, Caiado saiu vencedor. Sandro Mabel (União) foi eleito prefeito de Goiânia, com 55,53% dos votos válidos. Ele derrotou Fred Rodrigues (PL), que foi fortemente apoiado por Bolsonaro. A situação gerou mal-estar nos bastidores, pois Sandro Mabel já foi bem próximo de Jair Bolsonaro no passado. Os dois foram contemporâneos na Câmara dos Deputados. Em Aparecida de Goiânia, segundo maior colégio eleitoral do estado, Leandro Vilela (MDB) foi eleito prefeito com 63,60% dos votos válidos. Ele foi apoiado por Caiado e derrotou o candidato de Bolsonaro, Professor Alcides (PL). Na cidade, o ex-presidente tentou medir forças com o governador. Ele subiu em palanques, participou de carreatas e condenou a interferência de “velhos caciques”, em clara alusão ao ex-aliado.
Venezuela volta a provocar o Brasil – Em mais um episódio da crise geopolítica que envolve o governo brasileiro e o regime de Nicolás Maduro, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela publicou, ontem, uma nota em tom acusatório contra o Itamaraty e a posição do Brasil sobre o processo eleitoral que culminou na vitória de Maduro, questionada por múltiplos organismos internacionais por conta da falta de transparência ao longo do pleito. No comunicado, o governo venezuelano acusou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil de realizar uma “agressão descarada e grosseira” contra Nicolás Maduro, as instituições e os cidadãos venezuelanos. Além disso, considerou que o Brasil participa de uma “campanha sistemática” que violaria os princípios da “soberania nacional” e “autodeterminação dos povos”, previstas na Carta das Nações Unidas.
Os movimentos de
Lula rumo a 2026 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está tão interessado em maioria no Senado quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para isso, o petista pretende atrair adversários, tal e qual fez com o atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em 2021. Cogita, inclusive, chamar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), para concorrer ao Senado e fazer o mesmo com outros nomes de centro país afora. A ideia é evitar que a extrema-direita conquiste espaço ali e coloque o governo em xeque. Já chega o fato de o atual governo ter que engolir o Centrão comandando as duas Casas do Parlamento, cenário do qual Lula não tem como escapar nos próximos dois anos e, talvez, nos quatro anos seguintes. Em relação a Eduardo Leite, só tem um probleminha: O governador gaúcho declarou recentemente que a “arrogância aproxima o bolsonarismo do petismo”. E não pretende deixar de ser candidato ao Planalto para limpar o caminho de Lula. Nesse ritmo, o plano de Lula construir uma bancada mais de centro-esquerda no Senado será mais difícil do que o de Bolsonaro em alavancar uma bancada de direita. Em tempo: no Distrito Federal, Lula terá dificuldades em atrair adversários. A tendência é uma das duas vagas em disputa ficar com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A segunda está entre o governador Ibaneis Rocha (MDB) e a deputada Bia Kicis (PL-DF). A esquerda só tem alguma chance se for unida em torno de um candidato. Até aqui, não há sinal dessa unidade.
Bahia empatada – As eleições municipais na Bahia consolidaram um cenário de polarização entre os grupos liderados pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) e pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), indicando um novo embate entre ambos na eleição estadual de 2026. Os nove partidos que formam a base aliada do governador vão controlar 309 prefeituras dentre os 417. Mas o jogo se equilibra na régua da votação por partido no primeiro turno. Juntos, os postulantes das legendas da base do governador tiveram 2,68 milhões de votos para prefeito no primeiro turno, enquanto as seis siglas da oposição alcançaram 2,58 milhões de votos. Os números dão um norte, mas não são estanques. Isso porque a oposição apoiou candidatos de partidos da base do governo, enquanto parte dos prefeitos filiados a legendas oposicionistas são alinhados ao governador. De um lado, o governo consolidou sua presença nas pequenas cidades do estado, ancorado sobretudo no PSD do senador Otto Alencar, que conquistou 115 prefeituras nesta eleição.
Voto de legenda despenca, mas PT e PL têm sobrevida – Antes uma aposta dos partidos para encorpar bancadas no Legislativo, o voto de legenda — quando o eleitor escolhe o partido, mas não um candidato específico — perdeu força ao longo dos anos. No caso das eleições municipais, despencou agora para menos da metade do que chegou a ser em 2000. Naquela disputa, 11,1 milhões de brasileiros digitaram nas urnas o número de uma sigla na hora de votar para vereador; no mês passado, o montante foi de 4,4 milhões. Os dados refletem uma desconexão entre partidos e sociedade, além de mudanças nas regras eleitorais que fizeram esse instrumento ser menos vantajoso. O fenômeno vale para todos quando se considera a série histórica, mas, em comparação com quatro anos atrás, o PT do presidente Lula e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro conseguiram uma retomada e fortaleceram o 13 e o 22, na esteira da polarização nacional e na contramão dos demais grandes partidos. Em números absolutos, os dois praticamente empataram no volume de pessoas em todo o país que escolheram votar nas legendas, com pouco mais de 600 mil cada, segundo levantamento do cientista político Murilo Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB).
Mulheres conservadoras viram aposta para 2026 – As eleições deste ano mostraram a força da direita também em fomentar candidaturas de mulheres e projetar seus nomes para 2026. Enquanto o PT e outras siglas de esquerda expuseram dificuldade para emplacar prefeitas e formar lideranças femininas de peso, apesar da maior proximidade com movimentos feministas, partidos de centro e de direita elegeram a maioria das mulheres que vão comandar as máquinas municipais nos próximos quatro anos. Entre as siglas com mais nomes entre as 728 prefeitas eleitas este ano destacam-se MDB (129), PSD (102), PP (89), União (88), PL (60) e Republicanos (51). Já o PT elegeu 41, e fica atrás do PSB, que emplacou 51. O resultado da direita nas urnas reflete, em parte, o esforço de legendas em buscar mulheres com perfil conservador para disputar as eleições. No campo bolsonarista, o desempenho é atribuído ao “trabalho de base” capitaneado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, no PL, e pela vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). As três, cada uma pelo seu partido, percorreram centenas de cidades formando mulheres identificadas por elas como conservadoras. O trabalho, iniciado um ano e meio antes do pleito, consistia em formações básicas, desde palestras sobre como falar em público, até sobre como se vestir, além da definição de pautas consideradas mais populares e capazes de atrair um público maior. — Vimos que a mulher não queria vir muito para a política porque a pauta se resumia a aborto e igualdade de gênero. Começamos a trazer pautas, como mães atípicas, empreendedorismo feminino, invisibilidade de mulheres de comunidades tradicionais, como quilombolas e marisqueiras — disse Damares ao GLOBO. — Antes, se gastava o dinheiro da cota para fazer palestra motivacional nos estados, coach e eventos. Eu e Michelle transformamos isso em treinamento. Qualificamos mulheres.
Marçal manda Bolsonaro manda ‘cuidar da vida’ – O empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado à prefeitura de São Paulo, entrou em confronto mais uma vez com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem tem trocado farpas desde que perdeu a disputa ainda em primeiro turno e anunciou a intenção de concorrer à presidência da República em 2026. Bolsonaro também almeja retornar ao posto, apesar de estar inelegível pela Justiça Eleitoral neste momento. — Bolsonaro, toca a sua vida aí, irmão. Seja candidato. Deixa eu em paz. Tô falando sério. Eu gosto de você, fica tranquilo — afirmou Marçal em trecho de palestra compartilhado nas redes sociais. O ex-coach alegou ainda que o problema de Bolsonaro não seria com ele, mas com o Supremo Tribunal Federal (STF), e que estaria “torcendo” por um resultado favorável. O ex-presidente mantém esperanças de reverter o julgamento que o impede de concorrer a cargos públicos até 2030 por conta de reunião convocada com embaixadores em que atacou o sistema eletrônico de votação brasileiro por meio de insinuações e informações descontextualizadas que não comprovam fraudes. — Mas não fica vindo pra cima de mim. Não somos do mesmo partido, eu não devo satisfação pra você. Cuida da sua vida, cara. Não tenta ser o malvadão para cima de mim. Eu sou uma pessoa boa, relaxa — continuou. Ao final da gravação, Marçal diz que o “pau vai quebrar”, sem esclarecer a que exatamente está se referindo.
Doria tenta selar a paz com Lula e escreve até carta ao presidente – Geraldo Alckmin deixou o anexo do Palácio do Planalto e caminhou até o gabinete presidencial, no terceiro andar. Encontrou Luiz Inácio Lula da Silva almoçando, mas a conversa naquele dia seria breve. O vice estava ali com uma missão específica: levava em mãos uma carta endereçada ao presidente e assinada de próprio punho por João Doria, ex-governador tucano que por anos rivalizou com o petista. Na mensagem, Doria reconhecia ter cometido “exageros e equívocos” com Alckmin, com quem pouco antes, em dezembro de 2023, havia se reconciliado, mas também com Lula. “Queria ter a chance de dizer que errei”, escreveu na mensagem, segundo relato de pessoas próximas ao petista. A carta foi lida pelo presidente na hora, que reconheceu o gesto. Lula comentou já ter vivido muito para não perdoar o ex-adversário. Mas tornar-se amigo de Doria, que amigo dele nunca havia sido, já seria um pouco demais, ponderou o petista de acordo com um auxiliar. A tentativa de aproximação com Lula fez parte de um circuito de reconciliação que Doria iniciara meses antes. Ele havia refeito a relação com Alckmin, por meio de quem se lançou na política e com quem estava rompido há tempos, numa longa conversa em sua casa. Aparou arestas ainda com outros ex-aliados, como Rodrigo Garcia, que fora seu vice no governo de São Paulo, e Bruno Araújo, ex-presidente do PSDB.
Crédito à indústria supera agro pela primeira vez desde 2016 – Pela primeira vez desde 2016, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedeu mais crédito à indústria do que ao agronegócio, no intervalo entre janeiro e setembro. Os números ainda são fechados pelo banco, mas já está contabilizado que no acumulado deste ano, 27% do total de financiamentos aprovados pela instituição foram voltados aos industriais, frente a 26% do agro.